quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Te encontro por aí

Lembro-me de estar pronta para sair contigo, mas de última hora minha mãe pede para eu terminar de fazer algumas coisas. Me irrito, claro, não posso perder a festa de aniversário de sua avó. Mas ela - como uma boa mãe - promete que assim que eu acabar tudo, ela me levará a Maringá... Isso me deixa mais calma, mas mesmo assim fico "resmungando" por não poder ir contigo (o que é minha especialidade até hoje).
Ao passar aqui em casa, recordo-me ainda da sua cara falando que me espera, que não está com pressa. Mas já estou nervosa, falo para você ir que depois eu vou...
Você sai chateado por eu não estar indo com você - pois segundo você, seria a maior alegria de sua mãe ver nós dois chegando juntos. Mas eu, com minha ingenuidade, apenas lhe falo "da próxima vez a gente vai junto, Fê".
Passam-se 40 minutos e eu recebo uma ligação de sua mãe, perguntando se já estamos chegando. Ao falar que não fui contigo, a decepção tornou-se clara em sua voz, mas eu não podia fazer mais nada, você já tinha saído...
Passando mais uns 20 minutos, ela tornou a me ligar, dizendo que não estava conseguindo falar contigo e que já era para você ter chego (afinal, maringá não é tão longe assim). Mas pedi para ela se acalmar, você ainda ia passar na casa de mais uns amigos antes de sair (sim, eu menti para ela, mas não podia falar que a verdade. Que talvez você não quisesse falar com ela ;x).
Estou pronta para sair quando o telefone toca mais uma vez, dessa vez é o Duh (ah, como eu sinto saudade desse corno), com a voz trêmula pergunta onde eu estou. Ao dizer que ainda estou em casa, ele suspira tranquilizado (sim, também achei horríveis essa palavra sem trema) e fala que me ligará em instantes.
Eu, sem entender nada, vou em direção ao carro quando penso em ligar para você... Toca, toca e ninguém atende, confesso que te xinguei por isso. O fato de não ter ido com você, não é motivo para não me atender --'
Tento novamente, e nada. Ultima tentativa, prometo... "chhhhhhhh" uma chiadeira (''chadeira'' existe?) misturado com o som de algumas sirenes, foi tudo o que eu ouvi... "Não, eu devo ter ligado errado, melhor tentar falar com o Duh novamente".
O Eduardo, com sua voz fraca e trêmula, pergunta se estou preparada. Isso me assusta, mas digo que sim, que ele pode falar...
Ao ouvir que você se acidentou, fico branca, minhas pernas não conseguem mais me manter em pé e eu caio sentada no sofá. Minha amiga pergunta o que houve, com todo aquele barulho do meu lado e eu consigo escutar o som de uma lágrima pingando no meu colo... O Duh continua gritando no telefone, mas eu já não tenho força para falar mais nada. Minha amiga o toma de minha mão e começa a falar com o Eduardo, perguntando o que houve... Quando eu consigo falar, apenas digo "a mãe, como está a mãe dele? Alguém avisou a Tia Leila?" tudo fica escuro, fecho os olhos e encosto a cabeça no sofá... O desespero achou meu endereço, conseguiu entrar em minha casa sem ser convidado e tomou conta do meu pensamento.
Alguém tinha que fazer algo, então resolvo ligar para a tia Leila, mas em seguida tenho que desligar " e se ela atender, o que direi?! Força, eu preciso de força". Depois de algumas tentativas fracassadas, finalmente eu crio coragem e ligo para sua mãe, sem saber muito bem o que dizer, falo o que aconteceu. A voz dela de desesperada corta meu coração, e já falo que você está bem, que vai se recuperar. Mas nada adianta, o desespero continua corroendo ela por dentro...
Chegando ao hospital, fico sabendo que você ficará internado, pois está em coma. Mas ainda resta a esperança de eu acordar daquele sonho, de alguém chegar para mim e falar "calma, é só uma piadinha de mal gosto". Mas não, isso não acontece... A cada minuto eu tenho menos tempo, e logo descubro que não é uma piada, ao te ver deitado naquela cama. Eu não posso evitar, minhas lágrimas escorrem como se estivessem apostando corrida, vendo quem chega mais rápido até meu queixo. Abraço sua mãe e não consigo conter meu choro, mas ela me fala que ainda tem esperança, que você vai ficar bem logo. (que vergonha, ser consolada por sua mãe).
Passo a noite ali no hospital, com a esperança de ouvir um "ele abriu o olho", mas não, só o que ouço é um "ele se foi". Pronto, já não tem mais volta. você se foi pra sempre e me deixou aqui sozinha... E a única coisa em que consigo pensar é que era para eu estar contigo, que se você tivesse me esperado, nada disso teria acontecido... Você não encontraria com aquele camioneiro bêbado na pista, você poderia comemorar o aniversário de sua avó como toda pessoa normal e toda família feliz... Sim, eu me sinto culpada por isso até hoje!
Confesso que nunca vi um velório tão lindo quanto o seu (mentira, perdeu para o do meu avô que tinha mais de 500 pessoas no funeral, mas fora isso o seu foi lindo)... Passam-se algumas horas e sua mãe fala que tem que conversar comigo, fico sem jeito, afinal, o que eu falaria para ela? "desculpe por não estar com seu filho, por não ter deixado ele me esperar"? Fui ficando nervosa e tentei "escapar" dela, mas isso foi por pouco tempo, pois ela conseguiu me alcançar...
Já em sua casa, ela vai ao seu quarto e volta com uma caixinha, me entrega e diz "ele queria te entregar isso, mas faltou coragem e tempo", fico sem graça e abro a caixa. Lá dentro eu encontro um porta retrato lindo com uma foto nossa, sinto meu rosto corar e novamente uma lágrima brotar no canto de meu olho...
Ao olhar para sua mãe, ela está sorridente. Não entendo o motivo, ela acabou de perder seu filho mais novo, como pode estar sorrindo daquela maneira?! Pergunto o que houve e ela diz com uma voz suave "você está rosada, não precisa ficar assim... Ele se foi, mas eu ganhei uma filha, você... Ele sempre gostou muito de você, e semana passada pediu para que eu cuidasse de você, pois ele faria uma viagem muito longa, não fique triste minha filha, ele se foi... Mas sempre te amou".
Pronto, não preciso dizer que comecei a chorar novamente, né Fê?! você me conhecendo como conhece, sabe bem como sou :)
Agradeço pela segunda mãe que me deixou, estou cuidando dela direitinho, ok?!
Essa noite sonhei com você, sei que já não está mais aqui do meu lado, mas hoje é seu aniversário e eu não podia deixar de lembrar de você...
Pouco mais de um ano sem você, mas que parece uma eternidade.
Felippe Ozório, Jamais esquecerei de você!


Deixe a música falar por mim :)
aliados 13 - Te encontro por aí­

sábado, 10 de janeiro de 2009

Isso acaba com a gente;

sinto sua falta;
sinto falta de poder compartilhar algumas coisas contigo;
sinto falta de lhe falar de música e românce;
sinto falta de você me incentivando quando tinha jogo do São Paulo;
sinto falta de você me desejando toda a felicidade do mundo quando ia viajar, ou quando descobri que ia me mudar;
sinto falta de jogar conversa fora contigo;
sinto falta de poder lhe dizer "sinto muito" quando não podia te ajudar ;s
sinto falta de tudo o que contamos um pro outro, tudo o que prometemos um pro outro, de todo o momento de amizade que compartilhamos...
sinto falta de quando você dizia que me adorava, que eu era uma boa pessoa e que merecia ser feliz ;~
sinto falta de quando confiava em mim...
sinto falta de tudo o que vinha de você
sinto sua falta...

mesmo sem a confiança de sempre, quando precisar, eu hei de estar aqui :)