sábado, 24 de maio de 2008

Saudade...



















Saudade
, palavra idiomaticamente singular e sentimentalmente plural. Uma mistura de angústia e alegria, de dores e risos, de vida e morte. Algo indescritível e sinceramente verdadeiro, que corrói a nossa alma e transforma o nosso ser. Não há como entendê-la, ou mesmo como classificá-la. Ela vem, não pede licença, se aloja em nosso peito e reduz nossos horizontes. Paradoxalmente, é um clássico exemplo de contradição, numa mistura sentimental que foge a qualquer compreensão. Sentir saudade é sentir-se só, não importando quantas pessoas estejam por perto. É fugir dos rumos normais da vida, e lamentar-se da distância de alguém ou de algo que já se foi, e talvez não volte mais, ou não. Senti-la é um dom de quem é capaz de amar, mas vivê-la é um tormento para quem é capaz de suportar. Doce palavra triste capaz de determinar o estado físico e mental de uma pessoa e talvez reduzi-la a algo muito menor do que um ser humano. Transcende a tudo o que é natural e proporciona noites mal dormidas regadas a lágrimas de uma dor incomensurável, dias sem sol, céus sem estrela, vidas sem sentido. Sair de dentro de si mesmo e voar longe, onde aquela pessoa está, passar horas e horas e dias e anos imaginando o que ela faz, com quem anda, se está bem, se não está. E a dor misturada a uma tímida alegria de ainda poder amar de verdade, num mundo sem razão de ser.
A saudade que eu sinto, do que se foi, de quem se foi, do que não posso mais ser, justifica a mágoa que carrego dentro de mim simplesmente por não ter podido ser perfeito. Mas também me guia, me estimula e me faz mais forte, na tentativa de mudar um pouco o pequeno espaço de mundo que me pertence, fazendo da dor a renovação de minhas forças. É dessa saudade que se faz a minha vida... Saudade de você.

Um comentário:

Walter Kash disse...
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