...

Ela mantinha o habitual ar de desdém. Não se importava com rótulos, críticas...
Não se envaidecia com elogios. Bastava-lhe a segurança de saber que o ser humano é imperfeito.
Ouviu inúmeras vezes sobre sua doçura, sobre seu sorriso. Porém,lembra-se principalmente de quando disseram que era grosseira.
Admitiu , portanto, que havia sido mesmo, muitas vezes.
Mas é claro, ela poderia explicar se quisesse ou pudesse - já não se sabe. É que cada um tem dela o que cativou.
Mantinha-se sempre alerta. Sabia que julgavam-na ingênua e que por isso, poderia ser presa fácil.
Entretanto, aprendeu a caçar também.
Sempre soube que não se pode contar com ninguém. E não achava que isso era um jeito amargo de ver a vida. É que ela era realista.
Aprendeu a não esperar nada dos outros. Nem abraço, nem ajuda... Ela gostava mesmo é de doar.
Ficava feliz ao ver que alguém sentia que podia contar com ela. Isso já bastava.
Hoje, ela já não sabe mais se existe. mas agora, isso é indiferente.
Por trás do olhar perdido, houve alguém que procurava ser transparente, mas já não se importa tanto com isso.
Se ela voltar a existir, eu aviso. Se não voltar, é porque tornou-se alguém melhor.